A Poesia Que Sinto!

Gosto de brincar com as palavras...Para mim, é um jogo onde coloco tudo o que sinto!A conselho dos Amigos, decidi criar este Blog para dar a conhecer e partilhar o que escrevo.
Desejo a quem ler, bons momentos de poesia e que se divirtam tanto como eu me diverti a fazê-la!
Letinha

domingo, 6 de janeiro de 2008

Coração e Cabeça




Coração e Cabeça


O Amor é sentimento

Que compromete a Razão

O coração diz que sim

A cabeça diz que não!


E nesta dualidade

Vivemos bem divididos

Sentimo-nos muitas vezes

Baralhados e perdidos

É que o nosso coração

É feito de sentimento

Vivendo em pleno, a Paixão

Que só dura um momento


E a cabeça reage

Reconhecendo, prudente

O sofrimento escondido

No que o coração sente

E precisamos seguir

Dos dois, a indicação

Pois se uma nos protege

O outro nos dá emoção


Sem coração não vivemos

Nem sentimos o Amor

Sem cabeça não prevemos

O que nos faz sentir dor

E cá vamos nós vivendo

Com vontade de fugir

Pois não queremos sofrer

Mas Amor queremos sentir...


Meu coração tão sofrido

Dos anos que já viveste

Nunca segues a cabeça

E por isso te perdeste...

Continuas a sentir

O Amor e a Paixão

A cabeça que se cale!

Segue em frente, coração!


Letinha

26/12/2005

Angola


Angola

Trago Angola no meu peito
Apesar de conhecer
Muito pouco dessa terra
Onde sempre pensei viver
Desse grande território
Só conheço a capital
Essa Luanda tão linda
Onde cresci, afinal...

De passagem ainda fui
Pelas estradas de Angola
Foram viagens únicas
É isso que me consola
Do Norte desse país
Muito longe não cheguei
Fui até Quifangondo
E para trás eu voltei

Para a zona de Malange
Que viagem encantadora!
Fui e vim dessa cidade
Na mesma automotora
O Dondo era o local
Escolhido quase sempre
Para almoçar ou comer
Um repasto diferente

E que dizer da viagem
Que a Cambambe um dia fiz?
Maravilha de barragem...
Como me senti feliz...
Outra zona bem bonita
Para os Domingos passar
Era na Foz do Quanza
Onde costumava acampar

E no Morro dos Veados
Guardada num barracão
Estava uma "chata" velha
Que do meu pai era a paixão
Era nela que os dois
Eu e meu pai, claro está!
Íamos pescar para o largo
Seu nome: Taki-Talá!

Grandes aventuras tivemos
Nesses dias de pescaria
Muitos peixes nós trouxemos
Alguns "sustos" apanharia...
Mas as minhas viagens
Não ficaram por aqui
Houve algumas férias
Que p'ró Sul me dirigi

Apesar de pouco tempo
Algumas cidades corri
Novo Redondo, Lobito...
Nunca mais vos esqueci!
E que dizer da Huila
Do planalto a princesa?
Que me acolheu com amor
E me encantou p'la beleza?

Passei também pelo Huambo
A cidade-capital
Sonhada por Norton de Matos
Deste nosso Portugal...
Que pena eu tenho...Que pena!
De não ter aproveitado
Tudo aquilo que podia
Em terras do outro lado...

E tanto ficou por dizer
Dessa terra com história
Terra onde fui feliz
E que não sai da memória...

Letinha
6/09/2005

Era uma vez...



Era uma vez….



Era uma vez…
Começa assim a história
De um povo com memória
E valentia sem par…
Sonhava com grandes feitos
Com rigor e bons preceitos
E muito p’ra ensinar…

Era um povo destemido
Com orgulho desmedido
E na formação da sua raça
Uma mistura constante
De povos de terras distantes
Que ninguém desembaraça

Já não há origem pura
Há amálgama e formosura
De Humanidade real
Tem na pele, vários tons
No coração muitos dons
Na mente…o intemporal!

S. Paulo



S. Paulo!


Foi apóstolo e escritor

Viajante e professor

De nova Religião

E foi nome de cidade

De Bairro e Comunidade

Que trago no coração!


S. Paulo

Era o nome de Luanda

Paraíso de Kianda

Terra de magia...paixão...

Cidade linda e amada

Por todos nós recordada

E... que trago no coração!


S. Paulo

Nome de um Bairro...um lugar

Que no peito quer morar

E nos dá força...e razão!

P'ra poder continuar

A descrever... a narrar...

O que não sai do coração!


S. Paulo....


Letinha

A Vida que temos!






A Vida que temos!!!




Não sei se merecemos
Um País tão anormal
Onde a Vida é tão curta
Não gozando o principal

Trabalha-se a Vida inteira
Vivendo para comer...
Não se goza nada a Vida
É bem triste de se ver!

Faz lembra uma história
Passada milénios atrás
Contada por um filósofo
Quando ainda era rapaz

Diz a história que andava
Sócrates, o tal da Filosofia
Passeando calmamente
Numa tarde, um belo dia

De repente vê um jovem
E decide perguntar:
Meu Amigo, desta Vida
O que tens para gozar?

Ao que o jovem respondeu
Sem uma hesitação
"Ah Sócrates, queria eu
Gozar esta ocasião!

Como jovem tenho vontade
E não me falta o tempo
Só me falta o dinheiro
Para gozar a contento!

Segue Sócrates o seu caminho
E encontra, mais à frente
Um homem de meia-idade
Que parecia doente

O filósofo achou ali
Uma boa ocasião
Para saber a resposta
Aquela boa questão!

O bom homem ao ouvir
A pergunta formulada
Responde: Eu bem queria!
Mas não tenho tempo p'ra nada!

Há vontade de viver
A Vida de outra maneira
Algum dinheiro eu tenho
Dentro da minha algibeira
Só me falta é o Tempo
Para essa brincadeira!

Ao ouvir esta resposta
O filósofo continuou
O caminho que seguia
Mas, mais à frente, parou!

Um velho de muitos anos
Que sentado se encontrava
Era justo que soubesse
A resposta que faltava!

Chega Sócrates ao ancião
E pergunta com bons modos:
Meu Amigo, é você
Que goza a Vida a rodos?

Ao que o velho respondeu
Cheio de graça ao falar:
Gozar a Vida queria eu
Mas como é que a vou gozar?

Tenho tempo com fartura
E não me falta dinheiro
Falta apenas a Vontade
Para correr o Mundo inteiro

Que triste é esta Vida
Quando chega a tal idade!
A um faltava o dinheiro
A outro, o Tempo primeiro
E ao terceiro, a Vontade!

Letinha

Pedra sobre Pedras



Pedra sobre Pedras


As pedras com que construo

O dia a dia da Vida

São pedras de muitas cores

De texturas e humores

Conforme a Vida sentida


Com o quartzo duro e forte

Vou fazendo o contraforte

Da maré, que a Vida traz

E com Amor e Paciência

Vou desfazendo a violência

Que, contra o muro, se desfaz!


Com rubis recheio a taça

Que não pesa nem embaça

A Amizade sincera

E a cor da pedra escolhida

Relembra o sentido da Vida

E do que dela se espera!


A turquesa, pedra nobre

Sem ser rica, não é pobre

E tem cor do mar profundo

Nela guardo os sentimentos

Que me invadem, em momentos

De Ternura por este Mundo!


E que dizer da Esmeralda

Cor da Esperança, que acalma

Os ódios do coração

É nela que me baseio

Quando me sinto no meio

Da Ternura e da Paixão


A opala branca e bela

Revela a obra singela

Com que o artista trabalha

É nela que busco alento

No trabalho, a contento

Da força de quem se talha!


Mais pedras uso assim

Construindo para mim

Edifício basilar

E em equilíbrio precário

Sou como o operário

Que faz obra de admirar!


As pedras com que construo

O dia a dia da Vida...


Letinha

O que é a Vida?

O que é a Vida

O que é a Vida, afinal?
É pergunta complicada
Pois na forma de a sentir
Pode ser o TUDO OU NADA!
Se pensarmos que a Vida
Se compõe só de matéria
Então, amigos, está perdida
A Vida é só miséria....

Pois não conheço ninguém
Que consigo possa levar
NADA do que amealhou
E que lutou p'ra juntar!
Por esses bens tão terrenos
Muitas vezes se esqueceu
Que essa Vida foi dada
Não para proveito seu!

E quando parte...tristeza!
Dos bens que amealhou
Nenhum deles o acompanha
E os que contam... cá deixou!
Afinal o que é que eu posso
Juntar e dizer "É meu!"
Nesta Vida que eu gozo
E foi cedida por Deus?

Devo juntar Amizades...
Carinho, Amor , Esperança...
Ternura, Compreensão....
Sorrisos e Temperança...
Estas sim, são as riquezas
Que nossas ficam... p'ra sempre!
E se todos o fizessem
Na Vida era TUDO....Diferente!

Letinha
15/11/2005

A Idade!












A Idade


Há um período na vida
Que parece não passar
Ou se notamos que passa
Achamos que é devagar

É a fase adolescente
De ter pressa de viver
Sem saber que a Vida
É dura e faz doer


Pensamos que teremos sempre
Dos pais a protecção
Mas a Vida passa por eles
E um dia partirão...

Chega então a tal idade
Da liberdade ansiada
Somos adultos, maiores
Não temos medo de nada!


Que engano, Santo Deus!
E que Santa inocência!
Pensamos ser muito fortes
E perdemos a paciência...

É com este nervosismo
Que vivemos hoje em dia
Não temos tempo de Amar
Nem viver em Alegria


A Vida continua....
Sem se deter para nada
E nós que a queríamos rápida
Agora queremo-la parada
Os anos vão passando
... o Tempo sempre a correr
E já não temos tempo
P'ro que queremos fazer

E os cabelos embranquecem
...e  o corpo desfalece
Por muito que se tente
Já não é o que parece

Resta a força de espírito
A experiência aprendida
E o riso satisfeito
De uma Vida bem vivida!


Isto acontece com todos
Crianças e jovens contentes
Não percam a juventude
Que está nas vossas mentes!!!


Letinha
8/09/2005

A minha cidade!



A minha cidade



Há duas cidades no mundo

Que marcaram minha vida

Lisboa, onde nasci

Luanda, a minha querida

Em Lisboa abri os olhos

Numa tarde de Verão

Luanda me criou

E trago no coração


Para Angola fui um dia

Levada pelos meus pais

Lá cresci, em harmonia

Sair de lá, nunca mais!

Pensava eu, na altura

Adolescente, Criança

Não crendo que a vida dura

Me tirasse a Esperança


Ainda me lembro bem

Do tempo em que cresci

Naquela Luanda linda

E a vida que eu vivi


Não esqueço nunca mais

Do tempo das brincadeiras

Do conselho de meus pais

P'ra não subir às mangueiras

Mas as mangas, tão cheirosas

Nossos olfactos tentavam

E como crianças teimosas

Os joelhos esfolavam


As corridas que eu fazia

Não tinha medo de nada

Apesar de muitas vezes

Aparecer arranhada...

Ainda me lembro bem

Do tempo de brincadeiras

Onde grupos de crianças

Crescia, fazendo asneiras


Trepar às árvores e muros

Correr, jogar e brincar

Conviver com os amigos

E na Escola, estudar

Andar descalça na rua

Sem medo de me ferir

E quando chovia muito

Da minha casa...sair!


Lá fiz a Escola Primária

Num Colégio, em Miramar

Fui depois para o Liceu

Continuar a estudar
O meu Liceu.... que saudade!

Do tempo em que, sem cuidado

Rodeávamos, curiosas

Quem já tinha namorado!


E apesar de fechadas

Neste Liceu sem igual

Olhávamos, sorrateiras

Para a Escola Industrial!

Rapazes da nossa idade

Era o que ali não faltava

Olhando através da grade

Com os olhos se namorava


Os anos não param, avançam

E já estava na idade

De pensar no que seria

Depois da Escolaridade!

À Escola de Enfermagem

Acabei por ir parar

E no Hospital Central

Fui também estagiar


Mas a vida dá muita volta

E muitas vezes sem querer

Aquilo que nós queremos

É o que não se vai fazer!

E o destino não quis

Que de adultos fosse tratar

E fui para o Magistério

P'ra crianças ensinar


Luanda, cidade linda

Onde passei os meus anos

Onde conheci amores

Onde tive desenganos

Contigo eu cresci

Em amor e liberdade

Me fiz mulher, aprendi

O que quer dizer Saudade!


Sinto no meu coração

O cheiro daquela terra

Cheiro de África, de paixão

Mas também cheiro de guerra

Essa maldita, afinal

Destroçou meu coração

E foi ela, por meu mal

Que me fez fugir, então


Hoje, longe, eu te choro

Por não te poder abraçar

E entre soluços, eu digo:

"Luanda, eu vou voltar!"


Celeste Torres

4/05/2005