As minhas bonecas 1
Chegou aquele Natal…
Tinha-me portado bem!
E sabia que tinha prendas
Do meu pai e minha mãe!
Logo bem de manhãzinha
Para os embrulhos…corri!
Que pouca sorte a minha!
Nada do que desejara…
E tão bem eu me portara!
Conseguia ver ali!
Minha mãe tinha-me dado
Um carrinho de bonecas!
Era de verga, aprumado
Tinha folhos em todo o lado
Tinha tules e muitas tretas!
Lençóis, colcha e almofada
Uma manta acolchoada
Tudo bordado a preceito
Deitado neste carrinho
Parecendo pássaro no ninho
Um bonequinho perfeito!
Tinha pijama e tudo!
O tal menino de truz!
Era loiro…cabeludo…
E a cobri-lo…um capuz!
Fiquei desiludida
Com aquela prenda achada
Mas como criança esperta
Não fiquei atrapalhada!
Pouco tempo depois…
O boneco desaparecia…
Sentei o rabo no carro
E no carro… eu corria!
A pega… era o volante!
Coloquei um pau às mudanças
A buzina era a boca…
Que mente têm as crianças!
Corria como um piloto
Daqueles profissionais…
E do desgraçado do boneco
Não quis saber…nunca mais!
Quanto ao tal de violino
Que o meu pai me comprou
Não mostrei muito jeito
Nunca, na vida, tocou!
Mas achei logo serviço
Era muito bom de ver!
Tinha a forma perfeita
P’ra, de espingarda, fazer!